Essa soturna voz há de contar-te, amigo
Por essa rua minha os sonhos que sonhei!
Fala d'amor a voz em tom enternecido,
Escuta-a com bondade.
O muito que te amei
Anda pairando aí em sonho comovido
A envolver-te em oiro!...
Assim s'envolve um rei!
Num nimbo de saudade e doce como a asa
Recorta-se no céu a minha humilde casa
Onde ficou minh'alma assim como penada
A arrastar grilhões como um fantasma triste.
É dela a voz que fala, é dela a voz que existe
Na rua em que morei... Anda crucificada!
Florbela Espanca
Lindo poema. Fiquei emocionada. Beijos e ótima semana.
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